terça-feira, 17 de maio de 2011

Paradoxo virtual

Quantos amigos virtuais você tem? Por acaso já parou para pensar nisso? Percebeu que a frequência com que vê seus amigos diminui na medida em que sua lista de followers no Twitter cresce? A junção de um agradável bate-papo com a amiga jornalista Renata Ribeiro com o interessante artigo "Incomudante desculpânsia", escrito por Tony Deléo e publicado na página 2 da edição desta quarta-feira do jornal "O Liberal" (www.liberal.com.br), provocou essa reflexão.

Com eles, me dei conta de que somos cobaias de um grande paradoxo. "Hoje em dia, ninguém some; todos acabam se encontrando nas redes sociais", comentou a jornalista. Concordo e discordo. Ao mesmo tempo em que conseguimos a manutenção do contato, nos distanciamos fisicamente e nossas amizades vão se tornando eminentemente virtuais, frias e sem o mesmo envolvimento emocional.

Como já disse nesse mesmo espaço, estou cada vez mais digital. Sigo 232 perfis no Twitter, tenho 273 seguidores e 321 amigos no Facebook. Entre eles estão colegas de profissão, ícones da comunicação, companheiros da época da faculdade de jornalismo, amigos de infância etc. Porém, dá para contar nos dedos com quantos deles tenho uma relação cotidiana fora da aldeia virtual.

Dia desses, minha esposa chamou minha atenção quando me referi a um amigo virtual com certa intimidade. "Quem é esse cara? Você o conhece?" Conheço, claro, eu o sigo no Twitter, respondi, imediatamente. Só depois percebi que ela tinha razão. Mesmo sem nunca ter apertado a mão do cidadão, já falava dele com propriedade e o considerava um grande amigo.

Condicionados pela internet e pelas facilidades proporcionadas pela tecnologia, estamos reclusos, sempre atribuindo o distanciamento físico à falta de tempo decorrente do excesso de trabalho e de atividades extras. Numa época em que pode mais quem tem mais amigos virtuais, sinto saudade de quando tinha apenas dezenas deles e a felicidade de vê-los quase todos os dias.

Precisamos, sim, da tecnologia, do MSN, do Skype, do Orkut, do MySpace, do Linkedin e da instantaneidade que as redes sociais nos proporcionam, num simulacro interessantíssimo de convívio social. Porém, não podemos abrir mão de nossa essência; do olho no olho, do aperto de mão, do abraço, de um prazeroso bate-papo numa mesa de bar ou no aconchego de um elegante café. Afinal, acima de tudo somos seres humanos. E o que nos diferencia das demais espécies é a capacidade de convivência. Portanto, é nosso dever conservar o máximo possível dessa natureza. Sejamos virtuais, sim. Porém, com uma boa dose de humanidade.