segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Você acredita em simpatias?

Não sou nem um pouco ligado em simpatias. Esse negócio de comer sete uvas, devorar um prato de lentilha, pular sete ondas e participar dos festejos de réveillon com cuecas temáticas não combina comigo. Não tenho nenhum motivo especial para ter aversão a essas crendices populares. Simplesmente não acredito que fazer a contagem regressiva usando uma cueca amarela vai me trazer dinheiro no ano seguinte.

Existe simpatia para tudo. Se eu fosse listar aqui, precisaria de inúmeras páginas na internet. Para se ter uma ideia, tem gente que recorre ao artifício até para arrumar namorado. Quem nunca viu ou ficou sabendo de uma amiga ou familiar que, integrante do "Sindicato das Encalhadas", engoliu um enorme lanche feito com pão de Santo Antônio na esperança de encontrar o príncipe encantado?

Porém, nessa época do ano as simpatias se confundem com os festejos de Ano Novo. A mais tradicional, que inclusive foi incorporada ao ritual de comemoração do réveillon, é o uso da roupa branca. Se você for a uma festa no dia 31 de dezembro vestido de outra cor que não seja o branco, certamente será alvo de olhares desconfiados. A menos que esteja de amarelo ou prata, cores da aquarela dos festejos de fim de ano. O comércio agradece...

Eu comi um cacho de uva antes de escrever esse artigo. Aliás, foi enquanto devorava os 43 bagos da fruta na sala do meu apartamento que tive a ideia de abordar o tema. Passei a refletir sobre tais simpatias e os motivos que as tornaram quase obrigatórias entre os brasileiros. Não é difícil encontrar a resposta. Afinal, nosso povo é inclinado a aceitar passivamente crenças totalmente místicas.

Amparado nessa passividade, o mercado deita e rola. No domingo que antecedeu o Natal, por exemplo, o "Domingão do Faustão, programa semanal da "TV Globo", reservou quase meia hora para que um especialista em Natal e em simpatias respondesse a indagações de telespectadores. E muita gente demonstrou curiosidade sobre o assunto.

Entre outras coisas, ele explicou por que as simpatias pregam, na maioria das vezes, o número sete. A justificativa é que sete é um número cabalístico que inspira coisas positivas e está presente na essência das coisas. Por exemplo: são sete notas musicais, sete dias da semana e sete cores no arco-íris.

Eu não sei você, mas eu não acredito nisso. Ainda não decidi qual será meu figurino para a noite de quinta-feira, mas com certeza não estarei fantasiado de pai-de-santo ou médico. Nossa, sem perceber, escrevi SETE parágrafos! Será que serei amaldiçoado?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O dia em que jantei com Obama

Dono de uma pontualidade britânica, Barack Obama chegou às 20 horas de domingo, véspera do feriado de Finados, acompanhado da primeira-dama Michelle e da filha Malia, a mais velha. Quando me preparava para perguntar de Sasha, a caçula, a vi correndo em nossa direção com um pacote na mão. Era um presente da família para nós, que havia sido esquecido no banco traseiro do carro.

Depois de uma longa sessão de cumprimentos regados a beijos e abraços, entramos e nos acomodamos na sala. Eu estava emocionado. Afinal, era uma honra receber a visita de uma lenda, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. Não podia acreditar que eu e minha esposa jantaríamos com o homem incumbido de tornar a terra do Tio Sam menos imperativa e arrogante.

Obama aceitou uma dose de uísque com gelo, enquanto minha esposa e a primeira-dama se deliciavam com um coquetel suave de champanhe com frutas tropicais. Malia e Sasha preferiram suco de laranja. O calor era tanto que beberam uma jarra em poucos minutos. Mesmo com as janelas e a porta da sacada do apartamento abertas, a sensação térmica era de mais de 30°C.

O presidente norte-americano estava à vontade. Usava bermuda larga xadrez com bolsos grandes laterais, camisa polo e calçava sandália de couro confeccionada em Caicó, cidade do interior do Rio Grande do Norte, famosa por seus bordados e pela riqueza de seu artesanato.

Para acompanhar o marido, Michelle optou por um vestido branco comprado em Salvador e as famosas sandálias rasteirinhas que caíram nas graças da mulher brasileira. E as meninas seguiram os pais. Malia usava bermuda e camiseta e Sasha, um lindo vestido.

Obama e Michelle estavam maravilhados com o Brasil. Falavam da vitalidade da Amazônia, do calor humano dos baianos, da beleza de nossas praias, do ritmo alucinante da indústria e da agricultura brasileiras e, sobretudo, da simpatia e alegria de viver do povo brasileiro.

Michelle se ofereceu para ajudar minha esposa a colocar a mesa, enquanto Malia e Sasha brincavam com minha sobrinha em um dos quartos. Na sala, eu mostrava a Obama minha coleção de DVDs. Ele se interessou pelo documentário Entreatos - produzido em 2002 por João Moreira Salles nos bastidores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República. É claro que o presenteei com o DVD. Depois de recusar, o presidente aceitou o agrado e não sabia como me agradecer.

O jantar estava servido. Quando nos dirigíamos à mesa, acordei com o barulho de uma forte freada na rua, sob minha janela. Que raiva! Tudo não passou de um sonho.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Triunfo improvável na Ilha

Com um gol chorado do inexpressivo Felipe Azevedo, o Santos bateu o agonizante Sport por 1 a 0 na noite desta quarta-feira, na Ilha do Retiro. Confesso que fiquei surpreso, pois já dava a derrota como certa depois do fracasso no clássico de domingo.

Porém, o futebol prega essas peças na gente. E o Santos conseguiu somar três pontos fora de casa contra uma equipe que, tradicionalmente, vende caro a derrota. O Palmeiras e o Corinthians não me deixam mentir.

Mas o torcedor santista não deve se iludir. Com mais baixos do que altos, o Peixe dificilmente sairá do meio da tabela na reta final do campeonato. Portanto, a nós só resta cumprir tabela diante da TV e aguardar a temporada 2010.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

E o orgulho olímpico?

Desde que o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Jacques Rogge, abriu o envelope que colocou definitivamente o Brasil no mapa do esporte internacional, no início da tarde da última sexta-feira, tenho ouvido todo tipo de manifestação sobre a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. A maioria reprova, acha que os R$ 28,8 bilhões a serem investidos na Olimpíada deveriam ser empregados na construção de escolas, hospitais, postos de saúde, casas, em obras de saneamento, na compra de medicamentos, etc.

Concordo. Afinal, um país que ocupa a 75ª posição no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) precisa de investimentos diretos para resolver problemas urgentes da população, não indiretos, tipo em que se encaixa o esporte. Mas também vejo a escolha - muito mais política do que técnica - como uma oportunidade de aceleração do crescimento do país, que já terá de gastar parte do PIB (produto interno bruto) para promover a Copa do Mundo de 2014.

Para receber os maiores atletas do mundo e os milhões de turistas que eles atraem, o Brasil terá de investir pesado em transporte público, segurança, na rede hoteleira, sem contar a construção de estádios, ginásios e parques esportivos. Tudo isso, além da melhoria na qualidade de vida dos brasileiros depois dos eventos, significa mais empregos. Certamente a construção civil terá seu auge na geração de postos de trabalho e lucros para os proprietários de grandes e pequenas empreiteiras.

No último sábado, conversava com dois amigos sobre o assunto. Ambos veem mais vantagens que desvantagens na realização dos Jogos Olímpicos no Brasil. A geração de empregos em grande escala, na avaliação deles, é o grande bônus da opção pelo Rio de Janeiro. “Em sete anos, o Brasil vai alcançar um nível de desenvolvimento maior que nas últimas duas décadas”, disse um deles.

Considerando o superfaturamento em obras e outras fraudes (infelizmente) inerentes à construção civil e a carência de investimento cada vez maior em saúde, saneamento, educação e moradia, ainda vejo pontos positivos na inserção brasileira no mapa do esporte mundial. Passou da hora de o Brasil mostrar que tem cidadania internacional. Precisamos nos despir do estigma de eterna colônia. Somos uma nação trabalhadora, rica, destemida e muito poderosa. E o mundo precisa saber disso.

A inspiração voltou

Depois de meses de seca, minha inspiração parece estar voltando. Não por influência do Santos, time que só tem me dado desgosto nos últimos dois anos. Mas tudo bem. Dias melhores virão. Agora prometo me esforçar para postar ao menos um texto por semana. Lá vai o primeiro...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Paulo Henrique: déjà vu ou profecia?

Sabe aquela sensação estranha que temos de que já vivenciamos determinada situação? Ela é chamada de déjà vu. Senti isso ontem ao ver o garoto Paulo Henrique, de apenas 19 anos, sair do banco de reservas para se apresentar à torcida do Santos como escolhido para liderar uma nova geração de Meninos da Vila.

Ganso, como gosta de ser chamado, fez seu primeiro gol como profissional - e que golaço! -, garantiu a vitória santista no primeiro contato de Vagner Mancini com seu novo clube e disse estar preparado para a pressão e a responsabilidade que cercam os grandes jogadores. "Quero arrebentar no Santos", exclamou o meia, que diz se espelhar em Kaká e ter o estilo de Rivaldo.

Não sei por que, mas tive a impressão de já ter visto esse filme. O que Paulo Henrique, Neymar, apontado como a maior promessa do Peixe depois de Robinho, Diego, ex-camisa 10 alvinegro e hoje meia do Werder Bremen, e o Rei das Pedaladas têm em comum?

Os dois últimos foram lapidados na base santista e promovidos ao time profissional, onde se juntaram a jogadores experientes para formar o melhor time que o Santos já teve depois da era Pelé. Ganso e Neymar, a que tudo indica, seguirão o mesmo caminho.

Como se comentou muito nos corredores da Vila Belmiro, "estava escrito" que o Santos teria um craque no meio-de-campo que recolocaria o clube no caminho dos títulos. Em 1994, Giovanni vestiu a 10 e foi aclamado como messias. Porém, deixou a Vila sem as conquistas esperadas. Contratado a peso de ouro pelo Barcelona, Messias rodou a Europa, voltou sem brilho ao Santos e hoje defende o Mogi Mirim do amigo Rivaldo.

Agora surge o jovem Paulo Henrique. O garoto magro, alto e de toque refinado foi trazido do Pará por Giovanni. Messias viu potencial no conterrâneo e o entregou a Marcelo Teixeira, como se dissesse: "Aí está, esse garoto vai conseguir o que eu não pude. Ele é o verdadeiro messias."

Mas o que está acontecendo? Estamos diante de un déjà vu ou de uma profecia? É, acho que teremos de esperar para saber. Como o futebol também vive de lendas e superstições, prefiro acreditar nas escrituras.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Mancini está chegando...

O novo técnico do Santos é mesmo Vagner Mancini. Com passagens pelo Paulista de Jundiaí e Grêmio, Mancini acertou sua saída do Vitória da Bahia no início da tarde deste sábado e está a caminho de Santos para assinatura de contrato.

"Vagner Mancini, oficialmente, às 12h11 deste sábado, acertou sua saída do Vitória e já viaja para se apresentar ao Santos. O técnico recebeu proposta irrecusável do clube paulista. O treinador, que estreou no rubro-negro dia 30 de março de 2008, sequer trocou de roupa", traz a nota postada às 13h28 no site oficial do Vitória.

“Tenho muita amizade com as pessoas e levo a melhor imagem possível de todos do clube e a minha decisão foi na melhor hora. É uma oportunidade e não posso deixar passar”, disse o novo técnico do Santos, após negociar sua saída com Jorge Sampaio, gestor do clube baiano.

O Santos ainda não confirma a contratação, mas o anúncio deve acontecer nas próximas horas. Para a partida contra o Guarani, neste domingo, o o alvinegro será comandado por Serginho Chulapa.

Natural de Ribeirão Preto, Mancini tem 42 anos e como técnico seu melhor resultado foi a conquista da Copa do Brasil, em 2005, com o Paulista. O feito grantiu a participação histórica da equipe de Jundiaí na Libertadores do ano seguinte. Meia técnico, jogou no Guarani, Ponte Preta, Bragantino, Portuguesa, Figueirense, Coritiba e Grêmio.

Segundo estatística do rubro-negro baiano, em 11 meses no clube, Mancini disputou 54 jogos, com 25 triunfos, 20 derrotas e nove empates. Seu aproveitamento foi de 52%. Dos 54 jogos, 38 foram pelo Brasileiro, um pela Copa do Brasil e 15 pelo Campeonato Baiano, sendo sete em 2008 e oito em 2009.